Solidão e transtornos de humor: causa ou consequência?
Os transtornos de humor, também conhecidos como transtornos afetivos, são caracterizados por alterações emocionais intensas, nas quais a pessoa apresenta períodos de depressão e de euforia (exaltação excessiva), de forma intercalada, comprometendo sua qualidade de vida. Nesse cenário, não é incomum que pessoas com transtorno de humor relatem sentir solidão, mas estudos recentes trabalham com a possibilidade de que a sensação de estar sozinho seja, além de um sintoma, uma causa para o problema.
A solidão está bem estabelecida como um fator de risco para a depressão, ideação e comportamento suicida, sendo uma condição debilitante causada por um sentimento de isolamento social, geralmente decorrente da percepção de que as necessidades sociais não são atendidas, tanto em quantidade quanto em qualidade, pelos relacionamentos existentes. A partir disso, o indivíduo se sente angustiado e isolado, mesmo que não esteja, de fato, sozinho.
Uma pesquisa publicada no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), que analisou dados de 297 universitários de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, constatou que a solidão é um importante fator preditor da depressão, ressaltando também outros estudos que obtiveram o mesmo resultado.
Uma das pesquisas separou os participantes em dois grupos e, aqueles que desenvolveram mais sintomas depressivos, relataram sentir que a solidão, a pior percepção dos relacionamentos sociais e passar mais tempo sozinho foram fatores determinantes na piora de sua saúde emocional.
Portanto, é possível afirmar que a solidão pode sim ter uma influência no desenvolvimento dos transtornos de humor, contudo, esse conjunto de doenças psicossomáticas possui causas multifatoriais, e sua manifestação não pode ser atribuída a um único fator. Por isso, é importante encarar a prevenção da solidão como parte dos cuidados necessários com a saúde mental, mas não como a única medida preventiva.
Dr. Danilo de Melo
CRM-GO 13624 / RQE 12082
Psiquiatra e Psicoterapeuta
-Membro da Associação Psiquiátrica de Goiás – APG;
-Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP.
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